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  • Fazenda automatizada na Inglaterra funciona totalmente sem humanos

    Fazenda automatizada na Inglaterra funciona totalmente sem humanos

    Uma fazenda no Reino Unido chamou a atenção recentemente por ser a primeira no mundo a realizar todas as etapas do plantio, cuidado e colheita sem uma única pessoa colocar os pés no campo, de acordo com pesquisadores e desenvolvedores envolvidos no projeto.

    Desde plantar as sementes até a colheita dos grãos, máquinas automatizadas controladas de uma sala de controle substituíram trabalhadores humanos. O projeto foi concluído no último mês com a colheita de 4 toneladas e meia de cevada, e foi chamado de “Hands Free Hectare”.

    Esse projeto foi resultado dos esforços conjuntos da Harper Adams University em Shropshire na Inglaterra e a Precision Decisions, uma empresas especializada em cultivo em York.

    “Anteriormente, as pessoas automatizaram algumas áreas dos sistemas de agricultura, mas financiamentos e o interesse geralmente vão em direção a uma única área,” disse Kit Franklin, em engenheiro agrônomo do projeto.

    Especialistas concordam que a tecnologia de automação já está disponível há algum tempo, mas somente nos ultimos anos a implantação tem acelerado graças a redução dos custos e a mudança demográfica da força de trabalho.

    Um trator automatizado que trabalho no campo de cevada
    Um trator automatizado que trabalho no campo de cevada

    “O aumento do custo da mão-de-obra é um grande incentivo no campo da tecnologia agrônoma,” explica Matt Nielsen da Autonomous Solutions, uma empresa de Utah que converte veículos do controle manual para robótico. “Isso faz sentido quando você compara o custo da tecnologia e o custo da mão-de-obra”.

    Prelúdio do que é possível na fazenda automatizada

    Apesar desse sucesso, existem limitações que ainda precisam ser acertadas. Por exemplo, frutas frescas e vegetais são mais delicados do que grãos e podem ser mais suscetíveis a machucados em uma colheita sem um toque humano.

    Também há considerações sociais específicas de cada país. No Japão, por exemplo, a automação agrícola pode ser uma necessidade; na Índia, poderia significar desemprego para milhões.

    “Tecnicamente, completa automação é razoável em todos os lugares, mas economicamente e socialmente isso só faz sentido em algumas situações,” de acordo com David Zilberman, um professor de economia de recursos e agrocultural na universidade da California, Berkley.

    Não obstante, a total mecanização conseguida no Reino Unido é um prelúdio do que é possível na produção agrícola, de acordo com especialistas.

    O que eles fazem ?

    No Hands Free Hectare, engenheiros e agrônomos customizaram tratores e drones para cultivar a cevada de uma área mais ou menos equivalente a dois acres e meio.

    Drones com sensores multi-espectrais tiravam fotos aéreas do campo, enquanto máquinas menores pegavam amostras para determinar quais fertilizantes aplicar e onde. Câmeras ao vivo foram usadas para detectar ervas daninhas ou doenças.

    Mais cedo, ainda neste ano, a Organização de Agricultura e Comida das Nações Unidas enfatizou a necessidade de inovações tecnológicas para criar alternativas a práticas de cultivo destrutivas e de alto impacto — métodos que são insustentáveis para alcançar as necessidades de alimentação mundial, a OAC alertou.

    Engenheiro Martin Abell monitora uma operação automática a partir da sala de controle
    Engenheiro Martin Abell monitora uma operação automática a partir da sala de controle

    “A automação irá facilitar um sistema sustentável,” disse Franklin do Hands Free Hectare. “Diferentes áreas do campo, e possivelmente mesmo fábricas individuais podem ser tratadas separadamente.”

    O sucesso do Hands Free Hectare também demonstra a razoabilidade econômica da automatização completa, dizem os pesquisadores.

    O projeto foi financiado em parte pela Innovate UK, uma agência governamental que ajuda setores economicos britânicos a transformarem-se de low-tech para high-tec. A empresa toda custa cerca de 250 mil dólares, afirmou a Innovate UK em pronunciamento.

    “O projeto em si foi incrivelmente valioso em termos financeiros” disse Martin Abell, um pesquisador em mecatrônica na Precision Decisions. “Isso só foi possível através do uso de software open source, nos permitindo programar nossos veículos através de pilotos automáticos de drones de baixo custo.”

    Mudança de Habilidade

    Hands Free Hectare diz que o projeto não é sobre tirar o trabalho dos fazendeiros mas ao invés disso modernizar sua posição.

    Pesquisadores sustentam que mesmo o maquinário produzido comercialmente — ao contrário dos protótipos usados na Hands Free Hectare — teriam custo equivalente ao equipamento tradicional agrícola.

    “Uma mudança nas habilidades é inevitável” disse Abell. “Funções iriam passar por uma transição, permitindo fazendeiros a usar melhor seu tempo gerenciando sua fazenda e safras, ao invés de realizar tarefas robóticas de dirigir para cima e para baixo em um campo e em linha reta.”

    Ao abandonar o “trabalho robótico” para os robôs, os agricultores criam fluxos de trabalho mais eficientes e livre do trabalho pesado.

    “Assim como computadores costumavam ser caros, o custo da tecnologia de automação está caindo e não será uma barreira, mesmo para fazendas pequenas.” afirmou Michael Boehlje, um professor de economia agrícola na Universidade Purdue.

    “Um fazendeiro uma vez me disse que ele adotou sistemas de cultivo robotizados para que ele pudesse ter uma vida” relembra Boehlje.

    Com o sucesso da colheita do verão, Hands Free Hectare planeja continuar com sua pesquisa em cultivo sem qualquer lavoura humana. Agora ao final de outubro os planos da equipe são de colher trigos para o inverno.
    Mas só depois de celebrarem seu sucesso — fazendo a sua própria cerveja com a cevada que colheram no mês passado.