Misto de notebook e tablet criado pela gigante dos chips, o ultrabook começa a conquistar mercado. Será que ele é páreo para o iPad?
Em janeiro de 2010, a Apple apresentou ao mundo um equipamento que prometia revolucionar a computação. Com apenas alguns centímetros de espessura, tela sensível ao toque e a habilidade de estar sempre pronto para o uso, como um celular, o iPad logo conquistou a simpatia dos consumidores. Não demorou muito para que outros fabricantes lançassem produtos na mesma linha, inaugurando o segmento dos tablets, atualmente a galinha dos ovos de ouro para as empresas de tecnologia. Somente no ano passado, quase 90 milhões de tábuas digitais foram comercializadas no planeta. Neste ano, a previsão é de que o segmento ultrapasse a marca de 120 milhões de unidades vendidas, segundo a consultoria Gartner. Uma grande empresa do setor, no entanto, acabou ficando de fora da festa.
Maior fabricante de chips do mundo, a Intel não tinha nenhum produto específico para o segmento e viu competidores como Qualcomm e Nvídia sair na frente na disputa por esse mercado, levantando dúvidas sobre a capacidade da fabricante de acompanhar as tendências tecnológicas. Mas o que poderia parecer uma pisada na bola da companhia era, na verdade, uma estratégia de mercado. Em vez de correr atrás da concorrência e entrar na onda dos tablets, a companhia apresentou uma alternativa ao setor que reúne o desempenho e a ergonomia dos computadores tradicionais com as facilidades dos tablets. Esse novo produto atende pelo nome de ultrabook, foi lançado em junho de 2011, mas só agora começa a se mostrar um rival à altura. À primeira vista, o ultrabook pode parecer apenas uma nova categoria de notebooks.
Mas, para poderem utilizar essa denominação, que é uma marca registrada da Intel, os equipamentos precisam reunir algumas características importantes. A espessura máxima é de dois centímetros. Sua bateria deve durar cerca de dez horas e a tela não pode ter menos do que 13 polegadas. O mais importante, no entanto, é que, para ser um ultrabook, o computador precisa estar pronto para o uso em até dois segundos. Ou seja, nada de esperar o sistema carregar. É, basicamente, o mesmo tipo de experiência de uso oferecida pelos telefones celulares e tablets. “É como se o computador estivesse sempre ligado”, afirma Fernando Martins, presidente da Intel no Brasil. “Mesmo fechado, ele continua baixando dados da internet, para que estejam imediatamente disponíveis quando for preciso.”
O que possibilita esse tipo de desempenho é a evolução dos processadores. Em abril, a Intel lançou no mercado os chips Ivy Brigde, de 22 nanômetros. Apesar de menores que seus antecessores de 32 nanômetros, os novos processadores conseguem ser 37% mais velozes e gastar 66% menos bateria. Com isso, é possível desenvolver notebooks cada vez mais finos, mais leves e mais potentes. A Intel trata os ultrabooks como seu maior projeto da década. Fazer decolar essa categoria de produtos tem sido a prioridade da companhia. “É o nosso trabalho número 1”, diz Martins. E a empresa não tem medido esforços para isso. Até um fundo de US$ 300 milhões foi criado para financiar iniciativas de desenvolvedores de hardware e software voltados para o segmento.